domingo, 17 de fevereiro de 2013

cabeça

Se eu pudesse eu deceparia minha cabeça.

Mas queria poder assistir de fora também.

Gostaria de ver minha carne cortada e todo o sangue jorrando porque assim quem sabe me sentiria viva.
Sim, está é a redundância da morte, com ela descobrimos que estávamos vivos, e quando tem muito sangue então, descobrimos que éramos muito vivos.

Enfim, nem uma coisa nem outra vai acontecer. Não vou descepar minha cabeça e nem mesmo descobrir que estou viva. Continuarei neste nada que me aflige, fumarei mais um cigarro, e verei o tempo passar pela minha janela.

Agora me dei conta, que se me aflijo é porque estou viva, descobri o que queria ao decepar minha cabeça e então o que quero realmente é o fim. Que chegue logo esse fim, só não sei qual fim ainda mas pode ser qualquer um que me deixe viva.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Bons ventos

Estou voltando. Nunca tive a pretensão de ser escritora, nunca estudei nada a respeito de como se deve escrever, porém, sei que aqui me encontro.

Desde sempre o homem simboliza, e assim se organiza. Os homens da caverna desenhavam nas paredes para se ver, e assim, entender ou até quem sabe deixar estancado o caos incompreensível da existência.
Um homem que não simboliza, está a beira de enlouquecer.

Pra isto me serve a escrita, não sei se os leitores compreendem (se é que existem), as vezes eu mesma considero vazio e escroto o que escrevo. Mas quem disse que existir também não é vazio e escroto?

Buenas, bons ventos me trazem. Estou completamente caótica, mas é o caos mais bem vivido em toda minha vida e talvez o mais maduro e compreendido por mim.
Estou me mudando, vou pra Porto Alegre. No mínimo ficarei por lá durante dois anos. Além disso, minha analista me deu alta, estou no processo da alta.

Muitos me dizem, que momento maravilhoso! E eu penso, sim é maravilhoso, mas é horrível ao mesmo tempo.
Tenho meus vínculos em minha cidade. E viver a mudança me remete ao dia que minha babá foi embora, às diversas vezes que eu mudei de colégio e todos os meus colegas ficaram por lá, às mudanças de cidades, que foram 4 vezes e tudo que ficou por lá, sem contato.

Agora sou adulta, não preciso mais deixar as pessoas, já sei ir e vir, me comunicar e dizer que vou mas também quero ficar. Mas infelizmente existe algo que a distância geográfica faz que eu não sei explicar, só sei que dói e vai doer muito. O que me acalenta é o fato de que tenho um mundo me esperando, mas quero ser prudente, e ter sempre comigo que agora pra viver em um mundo não é preciso abandonar outro.

Ah, crescemos e temos que aprender a administrar... e como vai ser difícil fazer isso sem minha analista! O lado bom é que tenho este lugar e não há dúvidas de que aqui, justamente quando estou fazendo isto (escrever), me sinto ao menos materializando, simbolizando um milésimo de algo dentro de mim.

Por mais um dia, minha loucura espera, desejando me tomar completamente.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Nomes

A sociedade me deu a aliança
os nomes...
FICANDO
NAMORANDO
NOIVOS
CASADOS
AJUNTADOS
SEPARADOS

A sociedade me deu
receita pra ser feliz...
TER FILHOS
MORAR JUNTO
BOA ESCOLA PARA AS CRIANÇAS
TRABALHO QUE ME PAGUE BEM

A sociedade me encheu de estigmas

Me deu muitas coisas

e eu encontrei, no meio disso tudo,

o olho no olho e todo o resto perdeu a graça.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

enquanto as pessoas se cobriam com marcas eu descobria livros

ou seja

pra maioria eu sou um fracasso!