Ok estou lendo o anticristo e não tenho como não relacionar com o ato político que é fazer psicologia.
Tenho pensado o que é psicologia... com certeza tenho muitas respostas, mas ler O anticristo me fez lembrar de Zimmerman e Chemama.
Logo no início do livro Nietzsche diz que a caridade (permitida e proliferada pelo cristianismo de Paulo) é um ato que legitima o outro como incapaz e assim provoca o seu desaparecimento. Achei isto fantástico!!!
Lembrei de Zimermman falando de que umas das condições do analista (eu prefiro psicologo) é ter respeito, ou seja, respeitar a individualidade que está a sua frente, ou individualidades, não desqualificar o que a pessoa sente, mesmo que se pense o contrário, compreender e aceitar o seu sofrimento psíquico e até mesmo o seu "não" sofrimento.
Também lembrei de Chemama que diz que quando uma pessoa procura um psicólogo ela busca um endereçamento, ou seja, ela vai falar de si para saber localizar-se em si e no mundo. E a escuta do psicólogo, suas intervenções, questionamento e assinalamentos farão com que, através deste diálogo, vá-se criando o endereço desta pessoa (mesmo que momentâneo)
O que os três conceitos tem em comum?
Buenas, ser psicólogo é agir contra a lógica cristã! Seria aceitar a pessoa em sua individualidade, dando-lhe um lugar para SER, logo reconhece-se a sua capacidade ao invés de incapacidade e ao invés de desaparecer ela aparece!
psicologia é política!
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
domingo, 4 de dezembro de 2011
esta voltando
em uma volta do mundo
como se fosse a primeira vez
vem chegando
o embrulho no estômago
de algo vivido e do que tem pra vir
está voltando
todo aquele sentimento de amor
a possibilidade de poder estar com O alguém
mesmo que breve
mas é verdadeiro...
...
queria-te aqui, embrulhado em meu ninho
me dando carinho
como só tu sabe fazer.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
um fim
Só
extremamente só
um completo fazia
falta de crença
na vida
meu mundo está ruindo
e eu estou assistindo tudo
sem ter como fazer algo
tudo que faço
não tem resultado
domingo, 27 de novembro de 2011
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Só
a solidão sempre vai existir
porque ela é parte de mim e do todo
vem assim no vazio e no cheio
faz o pensamento voar
um fio condutor que se rompe, e a energia muda.
nesta hora é triste mas plenamente humano
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Um amigo morreu
Um amigo meu morreu ontem às 15h... algo que ele escreveu:
nas horas medonhas só!
quando se tem vertigem,
quando não se tem nínguem,
que quando de tanto pensar no princípio,
o ser se abala e os pensamentos são nós...
(Carlos Eduardo Peil-Kadu)
quando se tem vertigem,
quando não se tem nínguem,
que quando de tanto pensar no princípio,
o ser se abala e os pensamentos são nós...
(Carlos Eduardo Peil-Kadu)
Colado
Por que insiste em habitar em mim?
Ah, vã tentativa sua de me seduzir, de me fazer ir
ficas ali
como morte que não sai de mim
colaste em meu corpo
e agora preciso lutar
mesmo sabendo do início
finjo que ele nunca existiu
sábado, 5 de novembro de 2011
Sexus - Henry Miller
"Havia um desacordo terrível entre esse novo estado interior e a atmosfera física da vizinhança que eu era obrigada a atravessar toda noite. Por toda parte erguiam-se paredes sombrias e monótonas; atrás delas viviam famílias cuja vida baseavam-se inteiramento num emprego. Escravos industriosos, pacientes, ambiciosos, cujo único objetivo era a emancipação. Nesse meio tempo aturavam quase tudo, insensíveis ao desconforto, imunes à feiúra. Pequenas almas heróicas cuja obsessão de se libertar da servidão do trabalho só servia para ampliar a pobreza e a miséria de suas vidas"
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Estações
todo dia que vou deitar
não te vejo
não sei mais onde estas.
Em primavera
será que ela verá?
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Quando me tornei experimento
Ana Délia sempre se viu em três, horas era Ana, outras era Délia e às vezes Ana Délia.
Todos os dias caminhava inocentemente pela rua estreita de paralelepípedos e passava por uma porta que dizia AQUI TRATAM-SE PESSOAS, em baixo da frase estava exposto o símbolo da radioatividade.
Délia se intrigava com aquilo e mil perguntas surgiam em sua mente, perguntas secretas que não abria nem pro melhor amigo.
Em plena quarta-feira ela resolve acordar uma hora mais cedo para poder bater na porta, pegar informações e ir pro trabalho com menos questões internas lhe intrigando.
7h
A cidade estava tapada de cerração e os paralelepípedos se encontravam suados e escorregadios, mesmo assim Délia andava sobre eles ao invés de ir pela calçada, sempre preferia os paralelepípedos, Ana uma vez contou pra si que se sentia quase sempre assim, como um paralelepípedo em dia de cerração, suada, pisada e escorregadia.
Três batidas na porta de metal pesado não geram resultado, essas portas não dão o mesmo eco que as outras, olhou para o entorno da porta, ao lado viu a campanhia e pressionou.
Em seguida um homem grisalho lhe abre a porta.
- Pois não?
- Oi, eu vi que vocês tratam de pessoas, gostaria de saber como isso funciona?
- Ah, sim. Podes entrar, assim conversamos mais a vontade.
O ambiente era gélido, o metal revestia todas as paredes e a sensação de frieza era uma constante, a mesma só passava quando Ana olhava para aquele homem grisalho caminhando a sua frente, de certa forma os cabelos brancos lhe asseguravam e consolavam sabe-se lá o que.
O homem entra numa pequena peça com duas cadeiras e um ventilador, Délia pensa, pra que ventilador em tal frieza?, mas como sempre guardou as palavras dentro de si...
O homem sentou e apontou para a outra cadeira que tinha uma almofada bordô. Délia sentou e esboçou um pequeno sorriso pra ver se a tensão passava.
- Como te chamas?
- Meu nome é Ana Délia, mas podes me chamar de Délia.
- Esta bem Délia, e quais são suas perguntas?
- Qual o seu nome?
- O meu nome é Paulo.
- E como vocês tratam pessoas? Como isso funciona?
- Tratamos através da radioatividade, já ouviste falar?
Ana tenta dizer que não e logo que a palavra vai sair ela sente a mesma voltando e a perda da fala fica inevitável. Sua boca fica pegajosa e uma gosma verde vai grudando nela como se fosse um chiclete.
Os olhos de Délia ficam arregalados e num piscar de olhos a gosma possui seus olhos também, Délia tenta se mover e logo sente seu traseiro colado na cadeira grudado por uma gosma verde.
Em poucos segundos Ana não é mais Délia. Totalmente gosma, verde, despersonificada. Paulo, que muitas vezes é Luis e também Paulo Luis, começa a gargalhar da gosma, um acesso de riso toma conta dele e mesmo se tornando gosma Délia ainda sente e se assusta, está frágil, vulnerável e ainda tem um babaca rindo da sua cara.
Délia começa a querer se mover mas só escorrega, vontade de gritar, chutar, berrar, chorar, a fúria vai tomando conta da gosma verde e a porra não explode.
Paulo para de rir olha pra gosma e diz, agora não és mais Délia minha cara Ana, és apenas uma gosma e eu vou cuidar de ti.
Mais um ataque de fúria toma conta de Ana, aquelas mão tocando em seu corpo gosma, aquele olhar fixado na gosma. A GOSMA É APALPADA, ASFIXIADA, ASSEDIADA E ANA NÃO REAJE nem um pouco ALÉM DE GOSMA.
A gosma verde é levada para uma sala que possui tubos de ensaio de todos os tamanhos.
Em baixo de cada tudo tem diversos nomes, PAULO SE DIRIGE A UM TUBO BEM GRANDE QUE DIZ: BIPOLAR BODERLINE.
Ana emputessida tenta gritar mais uma vez e logo se sente escorregando por um vidro e não entrar no tubo de ensaio torna-se impossível. Agora Paulo está sério, atento e analisa o verde dela dizendo: Esse verde é deveras reluzente.
ANA LOGO PENSA QUE SE FODA O VERDE RELUZENTE, EU QUERO MINHAS MÃOS, MEUS PÉS, MEU ESTÔMAGO, MEU ROSTO, MEU CÉREBRO. O doente, Paulo, que cuida de pessoas continua repetindo o elogio ao verde e não percebe nada mais de Ana Délia.
Ana Délia vê diversas gosmas de várias cores, uma em cada tudo, cada uma numa classificação, e por mais que se mova não consegue estourar a porra do vidro.
Agora ela chora por dentro, sem lágrimas, sem som.
Não é mais Ana Délia, nem Délia muito menos Ana.
Paulo vai colocando diversos líquidos no tubo onde esta a gosma verde, pra ver suas reações. Mesmo não gargalhando mais, Ana sabe que ele se delicia por dentro.
Mesmo assim não acha sua mão pra mostrar pra ele o dedo do meio e dizer bem alto, CONHECE ISSO? SOCA NO CÚ.
ELES VÃO À FEIRA EXIBIR SUA CABEÇA (Raul Seixas)
AQUI ME TENHO
COMO NÃO ME CONHEÇO
NEM ME QUIS
SEM COMEÇO
NEM FIM
AQUI ME TENHO
SEM MIM
NADA LEMBRO
NEM SEI
À LUZ PRESENTE
SOU APENAS UM BICHO
TRANSPARENTE (Ferreira Gullar)
O NÃO-LUGAR
Eu tenho andado em busca, do que é o não lugar
Sou o não-lugar
Vivo o não-lugar
A casa ta no não-lugar
A cama no não-lugar
As roupas
As taças
Os dias
As tardes
Hoje
Felicidade eu não entendo...
amanhece, e ela vem assim, com o correr do dia.
Faz bem. Nela tem risada, carinho, olhares.
Por dentro tem mais ainda... Mas não sei dizer
é algo assim
que me deixa de boca aberta
de tanto viver.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
Seu lugar
veio assim
quieto
silencioso
me deu espaço
voz
carinho
veio
e
abriu
aqui no peito
um rombo
onde
vive, agora.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
A voz que nunca saiu
Rafaela tinha 6 anos.
Saia de mais uma de suas aulas de natação pequeno-burguesa.
Na saída não tinha papai nem mamãe esperando. Caminharia por incansáveis, e longínquos, 5 minutos até a sua casa. Lá lhe esperava seu gato macho, Mimi. Afinal Mimi serve pra fêmea, macho... e a criatividade não se expressava nunca!
...
Quando sai da água quente da piscina, que tinha proporções gigantescas, Rafaela corre até o banheiro pra ver se chega antes de suas coleguinhas. Esse era o nome delas: Coleguinhas!
Rafaela não sabia o nome de nenhuma, tinha tanto medo delas que não conseguiu gravar uma graça sequer.
Correndo, em direção ao vestuário ela pega sua mochila e entra no boxe que continha um chuveiro quente.
Neste ato fica ofegante e é tomada de uma alegria imensa. Conseguiu chegar a tempo de não ser vista, de se manter em seu mundo, de não precisar passar a vergonha que tanto sentia com as coleguinhas, de não falar, se expor, berrar, gritar, a tão conhecida loucura silênciosa.
Todas coleguinhas se pelavam, se jogavam shampoo, brincavam. Rafaela rezava pra que toda aquela palhaçada terminasse.
Já de banho tomado, vestida, e entediada, como é até hoje, esperava o fim da festinha.
Quando todas iam embora, ela saia, cheirando a creme rinse, o rosa, e assim caminhava até sua casa. Aprisionada em uma pseudo-liberdade.
sábado, 28 de maio de 2011
você
esta noite
que você não veio...
deitei-me nas cobertas
com perfume e suor
teus
que
só
quem gosta
entende...
sábado, 16 de abril de 2011
voltas
e mais voltas
retorna em mim
o desejo
de não ser eu
de não estar em mim
desejo auto-destutivo
que não encontra saída em qualquer atitude da vida
aqui em casa as coisas estão largadas
tudo bagunçado
a janela está aberta, mas chove lá fora
e aqui dentro
cai água, torrencial, da tristeza de mim.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Kafka ao inverso
após ler, por mais uma vez de tantas vezes, o "artista da fome"
A artista da gula
minhas grades não são de metal
elas são banha mesmo
algo que coloco ao meu redor
quem passa, apenas contempla
mas nunca realmente encosta.
Fico ali,
exposta,
me exibo, tal qual o jejuador.
querendo platéia
olhares
curiosidades
sempre encostando-me sem realmente tocar
assim
aprendi
e
me mantive
assim
escolhi
assim me mantive
na pobreza
de tal posição!
haverá trégua?
insisto
insisto
insisto
insisto
insisto
insisto
insisto
insisto
insisto
insisto
não desisto
insisto
insisto
no cisto
cisto
cisto
cisto
cisto
cisto
cisto
do coração!
sábado, 19 de fevereiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
Convite
Se você for perfeito, por favor, não fale comigo!
Se você estiver sempre de bem, nem chegue perto.
Se o seu deus for melhor que o meu, nem me apresente.
Se você sempre se achar bonito, me dê seu espelho.
Se você acredita em pecados, fique na igreja.
Se você é super-homem, ligue pra Hollywood.
Se você for humano,
assim como eu
vem cá
comigo!
Se você estiver sempre de bem, nem chegue perto.
Se o seu deus for melhor que o meu, nem me apresente.
Se você sempre se achar bonito, me dê seu espelho.
Se você acredita em pecados, fique na igreja.
Se você é super-homem, ligue pra Hollywood.
Se você for humano,
assim como eu
vem cá
comigo!
sábado, 1 de janeiro de 2011
O outro lado
E quando está tudo caótico
faço morada na solidão
me aconchego em Dorian Gray,
Macabea,
Anne,
e tantos outros.
Quando o vazio toma conta
uma coisa grita
bem aqui dentro
e faz eco
e chora, lá dentro.
E o colo,
o conforto
o abraço.
Fica lá
do outro lado, de não sei onde.
faço morada na solidão
me aconchego em Dorian Gray,
Macabea,
Anne,
e tantos outros.
Quando o vazio toma conta
uma coisa grita
bem aqui dentro
e faz eco
e chora, lá dentro.
E o colo,
o conforto
o abraço.
Fica lá
do outro lado, de não sei onde.
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