Ela andou até a esquina e estacionou na parte escura da rua. A música do rádio lhe tocou a alma e então gotas escorreram de seus olhos, ficou assim até atingir os prantos.
Quando a lágrima tocou sua boca pode sentir o gosto tão comum de soro. Aquele era o seu remédio.
Estava tudo tão forte que chegou a pensar que seus olhos nunca mais enxergariam. Justamente no momento em que se deu conta do mundo real.
Ali onde se tornou nítida a sua percepção do real também poderia ser a sua morte, o fim por não enxergar.
Vieram os soluços e o medo, o desejo de voltar causava tristeza. Um mundo havia sido descoberto e não havia mais cobertores para lhe abafar.
Depois disso entendeu o porquê de tantas declarações. Compreendeu o seu tamanho e teve que acreditar, não se sabe porque, que a dor passaria. Talvez tal crença evitasse a morte, ou melhor, o suicídio.
Quantas dores um ser humano aguenta? Nunca se encontrou a medida em nenhuma ciência. Justamente por SER humano, vai além das medidas e das receitas.
Quantas lágrimas ainda sairão, quanto aguentaria chorar. Acreditaria que pode acabar? A dúvida do futuro é a angustia no presente. A despedida do passado é tristeza pelo luto.
Assim morreu em vida, pra poder nascer novamente.
Morremos em vida para nascermos novamente. Já senti coisa parecida, as vezes sinto ainda...
ResponderExcluirDá uma olhada nesse link:
http://coordenacaodolivro.blogspot.com.br/2012/06/el-cielo-de-julio-cortazar-por-martin.html
Venha para Porto nesta data, vai ser muito legal.
bj