sábado, 7 de dezembro de 2013

Enteadas




Sempre quis ter filhos, porém sempre adiei para daqui a 20 anos, depois 15, agora 10 e mesmo assim, confesso que não sei.

Eis que fui à Pelotas ver meu companheiro, fui no bate e volta, afinal tenho concurso no domingo. Enfim, voltei para Porto Alegre e cheguei pelas 17h. Como de costume senti uma vontade imensa de estar lá com ele e com minhas enteadas.

Recentemente li uma reportagem que dizia que hoje enteados(as) são mais frequentes em nossas vidas do que imaginamos e confesso que sinto isso na pele, aliás no coração.

Passado o desejo de estar lá e não aqui, me acomodei em meu ninho, assisti televisão, adiei os estudos e os e-mails. Resolvi ligar para meu namorado, ver como estão as "coisas" e eis que grita uma vozinha do fundo "eu quero falar com a tia Marcela" e logo em seguida outra voz diz "eu primeiro". Enfim minhas enteadas. Duas meninas lindas, 4 e 6 anos. A de 6 fez aniversário mês passado. Dois presentes, que eu tenho acompanhado o crescimento e um laço que não entendo exatamente, mas que está aí, a todo momento vivo.

Confesso, que como psicóloga, mas mais como uma defesa minha, faço questão de me manter em meu lugar, ou seja, não suprir as necessidades de pai e mãe e não me sentir responsabilizada por elas, apesar de minha mente estar sempre preocupada e fazendo ensaios diferentes dos da realidade. Normal... mas ficam só nos pensamentos, afinal sou a Madrasta.

Minha relação com elas é bem clássica, vejo de 15 em 15 dias e fico só com a parte boa que é: sorvete, cinema, passeios de carro, parque e afeto gostoso. Mesmo com essa distância é bom, confesso que é bom demais.

Percebo quando uma está mais gordinha e logo espicha e emagrece, vejo o dente da outra cair, olho as mãozinhas crescendo e fingindo serem adultas, afinal estão sempre com esmaltes mal pintados e com purpurinas. Ah, sem contar as sessões de maquiagem, que podem ser a brincadeira de uma tarde toda, cada uma tem seu estilo e ficam bonitas a seu modo.

Não posso negar que ganhei dois presentes, também não saio gritando aos sete ventos, em um ano e meio é a primeira vez que escrevo sobre isso e penso que esse cuidado faz parte.

A partir disso tenho desejo de vê-las crescendo, do jeito que me cabe é claro, mas quero muito ver tudo isso.

E apesar de continuar com os planos de ter filhos somente daqui a 10 anos, elas fizeram eu ver que ter crianças por perto é bom, e mesmo que dê trabalho, existe algo de mágico que me parece valer a pena.

Este é um depoimento singelo mas queria deixar registrado, mesmo que só eu leia, mesmo que só eu saiba, são tantas coisas aqui dentro de mim que senti vontade de colocar pra fora. Ficaria um dia todo falando de apenas uma tarde que fico com elas, mas apesar de belo, seria um pouco enfadonho.

E só para finalizar, enteados(as) valem a pena!

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