Lembra como se fosse hoje, dançando "maluco beleza" porque Zê era fã de Raul e desde então, a loucura passou a ser apreciada por Ma, sempre com muito carinho, respeito, admiração e amor.
Além disso, tinham as comidas que a Zê fazia: feijão preto, abóbora doce e suco de laranja com cenoura. Tinha o pão e a torta de legumes, bem colorida.
Tinha a louça que a Zê lavava, que sempre ficava sabão escorrendo.
-Zê, o copo tá com sabão escorrendo!
- É melhor o sabão escorrer do que estar sujo, sabão nunca matou ninguém. Não reclama não, porque tu nunca vai achar alguém igual a mim.
VERDADE SEJA DITA
Nunca mais alguém igual a Zê apareceu, porque a Zê é definitivamente única.
....
- Ma, e o teu filme, estás assistindo?
- Não Zê.
- Por que tu não assiste mais o filme?
- Porque os dinossauros morrem no final, e eu fico muito triste.
Zê enche os olhos de lágrimas, sabe bem o que é isso.
Independente da idade, Ma e Zê se entendiam como nunca. Zê entendia a alma levada de Ma e Ma compreendia a alma hiper levada de Zê.
- Zê, porque teu dente da frente é torto?
- Porque o teu também é!
- Ah, bom!
- Zê, porque o meu dente da frente é torto?
- Porque tu puxou a mim.
- Ah, bom.
- Zê eu quero ter cabelo preto igual ao teu.
- Quando tu crescer tu pinta.
- Mas eu queria ter agora.
- Eu sei como fazer Ma.
- Aé?! Como?
- Papel crepom preto, vai ficar igual ao meu.
- Ai Zê tu faz em mim?
- Sim, vou pedir pra tua mãe comprar o crepom.
Ma abraça Zê.
- Zê quando eu vou pra tua casa?
- Ué quando tu quiser.
- Eu quero ir hoje.
- Tá bem, eu te levo.
- Por que tu quer ir lá em casa?
- Eu gosto da escada! A escada mais alta que eu já vi, é tão bom tá lá em cima.
- Sim eu sei como é.
...
Com 12 anos, Ma foi seqüestrada, igual a Lucia foi, do mesmo jeito. Nunca mais viu Zê, mas sempre sonhou, sempre em rever Zê.
Verdade seja dita: nunca existiu alguém igual a ela.
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