A tampa pesada se desloca. No meio do asfalto de dentro daquele esgoto, nasce Carlus. Já nasceu com 30 anos. Não mamou, não chorou, não rio, nunca sentiu.
Carlus se levanta, respira fundo, seu primeiro contato com o ar, com aquilo que lhe manteria vivo ao encher seus pulmões. Carlus já nasceu andando, com total equilíbrio. Neste mundo que nasceu, sai a andar, pela rua asfaltada, tudo preto. Ao caminhar sente algo que vai e volta e às vezes bate em sua barriga, e nas costas.
Vai, volta, barriga, costas. Vai e volta, barriga, costas. Quando olha, pergunta: O que é isso?
Isso se chama braços. Uma voz lhe disse.
Os braços mortos de Carlus. Ele não conseguia ter domínio sobre aqueles molengas, vai e volta, barriga, costas.
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