domingo, 30 de junho de 2013

Eu estou assim aqui.

Não sei se estou de passagem ou definitivamente nesta terra, mas algo me diz que está tudo lá e nada aqui...

Eu acordei

Essa noite eu sonhei com você.

Eu dobrava em uma rua e justamente neste instante você passava em um carro. Você estava dirigindo me olhou.

Eu corri, corri muito, fugi enlouquecidamente, mas você me alcançou.

Eu estava com tanta saudade e você me disse que estava ali escondido. que tinha hora para voltar. Era verão, estávamos com roupas levez. Talvez estejamos assim hoje, sem nem nos dar conta.

Antes de ires, fomos no super, comprastes comida pra mim, me alimentaste. Seu irmão apareceu, me deu oi. Ele sabia que tudo ali era as escondidas.

Vocês foram, e eu continuo com saudade.

Acordei triste. Preocupada. Querendo saber de ti. Pensei que poderias estar bem ou muito mal. Confesso que acreditei mais na última opção.

Enfim, acordei e tu não estas mais aqui. Aliás concretamente tu foste.

Insistente-mente

Toda ida sua é um vazio.

Eu tento sempre,
perto da hora de ires embora,
ou durante a semana mesmo,
acreditar que não me amas mais,
que com certeza você sai com alguém além de mim,
que não há dúvidas que és um arrependido em relação ao fato da sua separação.

Eu tento
Eu juro que tento

Mas nada disso ajuda.
Nem ao menos atrapalha
porque acredito nisso até a hora que escuto sua voz ou vejo seu rosto.

Mas eu tento
Juro que tento

Eu tento acreditar nisso porque a dor é sempre grande,
e vou atrás da fórmula para burlá-la.
No fim sempre percebo que nada adianta,
não há jeito de fugir ao que sinto.

Mas eu tento
Juro que tento

A dor não acaba.
E toda semana é o mesmo ritual.
Você chega e depois vai embora,
ou vice-versa.
E os fins de semana ficam confusos, porque está sempre presente
o prazer de estar contigo e a dor da separação.

Mas eu tento
Juro que tento

Acredite,
as vezes penso que vou enlouquecer.
As vezes imploro para não passar por isso.
Rezo para que eu não sinta nada.
E no fim concluo que não passar por isso pode ser pior ainda, afinal poderia estar diretamente ligado ao fato de eu não te ver.
Então desfaço a reza.

Mas eu tento
Juro que tento

Nunca pensei que passaria por isso mais uma vez.
Porém, todo fim de semana se repete.

E sempre, a única coisa boa de quando vais é a certeza de que voltarás.

Eu tento
Juro que tento.


domingo, 2 de junho de 2013

Elena e Adalberto

Hoje assisti ao Longa Elena. Neste filme a irmã de Elena, Petra Costa, vai até Nova York numa busca simbólica atrás de Elena que havia se suicidado quando Petra tinha 7 anos.

Fiquei muito comovida com o filme...

Casualmente estava olhando o meu "google.docs", ferramente que eu nem sabia que existia (desculpa a ignorância) e me deparo com um poema/carta que recebi de um amigo, Adalberto, que sofria da mesma doença de Elena e também se suicidou.

Hoje vejo, que descaradamente ele dizia que ia se matar, na época minha cegueira não enxergou de forma tão clara. Nestas horas apesar dos estudos, da cultura, da proximidade... ficamos em partes cegos, e isso é angustiante. Ter em mente que isso poderia ter sido evitado me deixa sempre com culpa. Culpa que hoje já é menor do que na época.

Antes de sua morte ele me ligou, dizendo adeus, não literalmente, afinal me disse que estava indo para Florianópolis.  Mesmo assim procurei-o por toda a noite e não o encontrei. As 10h me ligaram falando que ele havia se jogado na frente de um trem e que a última ligação de seu celular foi para mim.

O ano era 2009 e nós davamos aula de teatro num colégio de irmãs. A turma ficou em choque, segui o trabalho até o fim do ano. Apresentamos quatro pequenas peças, sendo duas de sugestão do Adalberto.

Meu grande amigo deixou saudades, tanta dor que surgem lágrimas.

Aqui está o que ele escreveu:

Sou um Corajoso

Ando estressado
Quem me olha nem percebe
Pareço tão feliz
Como pode?
Escrevi uma carta
Antes fiz uma rápida pesquisa na Internet
Achei alguns contos
Alguns relatos
Conselhos de especialistas
Maneiras e dicas
Nenhuma me convenceu
Já to decidido
Ora...
Quem me convence que o céu tem anjos
Bobagem
Se eu acreditar nisso
Me desmoralizo
Perco a  coragem
E em Deus, hein?
Ou melhor deus
Pra que acreditar nisso
Nunca o vi
Nem o senti
Ele me protegeu até aqui
Dizem...
Pra que...?!
Pra eu acabar assim?
Só pode
Melhor deus pra mim
è um homem perfeito
Branco, sem pelos, bem desenhado
Novo, tenro, olhos azuis e cabelos claros
Bom na cama
Que faça o que eu quero
Que só tenha olhos pra mim
E nem precisa ter cérebro
E pergunto “isso” existe?
Acho que não...
Então não existe deus
Esse blá blá blá todo
É pra me despedir desse corpo sem dó de mim
E sem esperança de renascer
Não acreditar em céu ou inferno
Me dá a tranquilidade
De partir sem medo
E ser uma única vez na minha vida
Corajoso.



Adalberto Oliveira Tolentino
Em meu serviço na Central de Obitos
em 22/07/2009 quarta-feira
termino aproximado as 05:04h
Escrevi depois de pesquisar sobre suicidio na internet

e escrever um e-mail pra minha maninha Kelen



existe um momento em que é preciso ir
mesmo que todos os laços, estejam atados
é hora de ir
tirar um a um
existe um música em cada um
que tem que ser escutada
devemos seguir em frente
existe uma dança
só nossa
nos esperando
os pés se movem
o corpo quebra o ar
o movimento liberta
liberta a nossa música interna
just go
for never return to the last
just for to go
its time
its now
its here
in my body
in my soul
in my time
with my life
I need all my life
and I see
every think I can go
now a know
I know that I can do my party
my dance
and my life