Poesia: Fernando Naporano
O silêncio do ar
parece rachar
o abandono
dos meus sentimentos
A cabeça conclusivamente vazia
ilha de fel feliz
resignada
sem soluções
sem as cercas dos dias
O olhar ao nível da terra
plenitude roxa
a arder de esquecimento
Nada ao lado de nada
é a pedra
a rigidez da sua lava
que afasta
quem contempla o rosto
•••
Luz eneblinada
quase faz com que o ar
se recolha dentro de si
Claridade insuspeita
egressa do cinza
rima hermética
inerte
num facho de sol
Minúsculo calor opaco
partículas de frágil resistência
onde a alma de pedra
boia
fita a neutralidade
de todas as coisas
e se apoia
•••
Propago-me lento
cada vez mais lento
além lesma
no silêncio da grama
A sabedoria do vazio
instala sua cama
na minha altura
Medito sobre as dissipações
sei da nudez sem rastros
das nuvens paradas
que ajudam o tempo
não passar entre os dedos
Fernando Naporano
Obrigada pelo comentário, Marcela!!! Bom fim de semana para vc! Bjs
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