quarta-feira, 25 de junho de 2014

Poesia

Poesia: Fernando Naporano

ilus


O silêncio do ar 
parece rachar
o abandono
dos meus sentimentos

A cabeça conclusivamente vazia
ilha de fel feliz
resignada
sem soluções
sem as cercas dos dias

O olhar ao nível da terra
plenitude roxa
a arder de esquecimento
Nada ao lado de nada
é a pedra
a rigidez da sua lava
que afasta
quem contempla o rosto

•••

Luz eneblinada
quase faz com que o ar
se recolha dentro de si
Claridade insuspeita
egressa do cinza
rima hermética
inerte
num facho de sol

Minúsculo calor opaco
partículas de frágil resistência
onde a alma de pedra
boia
fita a neutralidade
de todas as coisas

e se apoia

ilus2










•••

Propago-me lento
cada vez mais lento
além lesma
no silêncio da grama

A sabedoria do vazio
instala sua cama
na minha altura

Medito sobre as dissipações
sei da nudez sem rastros
das nuvens paradas
que ajudam o tempo
não passar entre os dedos


Fernando Naporano

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